Foi um ano de muitas leituras, embora bem menos do que eu gostaria. Para fazer a lista, tive que recorrer à agenda onde tento anotar todos os romances e contos lidos no ano, tirando as obras de leituras críticas, para proteger a identidade dos autores e títulos daqueles livros que ainda não foram publicados. Ao passar os olhos pelos rabiscos que começaram em janeiro e terminaram em novembro, bateu aquela pontada de nostalgia, aquela saudade dos lugares e personagens que conheci graças a esses romances.
Sem mais enrolação, vamos à lista e um pequeno comentário sobre cada obra.
Obs: meu link "Compre aqui" é geralmente direcionado para o livro impresso e valor mais baixo, mas aconselho pesquisar preços antes de comprar. Eu não ganho nada postando os links, fora facilitar a vida do leitor um pouquinho.
Cem Anos de Solidão (releitura): a primeira vez que tentei ler o clássico de Gabriel Garcia Marquez eu era super novinha e rapidamente perdi o tesão pela narrativa. Como faço uma referência ao livro no Eu Vejo Kate vol. 2, senti a necessidade de ler de novo, com outros olhos. É claro que me apaixonei. Impossível não amar. Compre aqui.
Flores Partidas, da Karin Slaughter. Sou fã confessa e declarada da Karin Slaughter e seus thrillers rápidos e cheios de personagens legais. Há um tempo eu queria ler um livro standalone dela, fora da série Will Trent (ainda não li a série Grant County porque sou team Angie e a Sarah me irrita um pouco), e não me arrependi de escolher Flores Partidas, um dos melhores da autora, na minha opinião. Compre aqui.
Hell House, de Richard Matheson. Eu sei, é um absurdo eu ter demorado tanto para ler. Hell House é um daqueles livros que você devora, embora esteja com medo do que a próxima cena vai trazer. Tem tudo que eu curto nos romances de horror gótico, sem a parte do dramalhão. Chega a arrepiar em diversos momentos. Só encontrei em e-book e em inglês, as edições em português chegam a R$ 115.
Quando Ela Desaparecer, de Victor Bonini. Um dos caras mais legais que já conheci escreveu um dos melhores livros que li este ano. Com ritmo mais acelerado que os livros anteriores, ele montou uma colagem de cenas e narrativas jornalísticas para criar um romance policial totalmente verossímil e único – puro crack literário: não dá para parar de ler. Compre aqui.
Being Dead, do Jim Grace. Infelizmente ninguém trouxe este livro para o Brasil (editoras, fica difícil defender vocês). Encontrei uma indicação dele num artigo gringo sobre o movimento death positive e fiquei tão curiosa com a sinopse que não resisti. E acabou sendo uma das melhores leituras do ano. Um casal morto apodrecendo numa praia. Estranhamente poético e cruel. Compre em inglês.
O Diário de um Louco, de Lu Xun. Considerado um dos livros mais expressivos da literatura moderna, eu tinha receio de ler A Madman’s Diary, até porque a edição que descolei no Kindle Unlimited era bilíngue: chinês e inglês, e o chinês me intimida pra caramba. O que encontrei foi um livro bem curto e de leitura super fácil, quase infantil, mas que assusta pelo tanto que não é dito. Compre em inglês.
Numezu, do Jorge Alexandre Moreira. Eu gosto de Numezu pelo mesmo motivo que gosto dos thrillers da Karin Slaughter: não há nada de pretensioso nele. Jorge teve a maturidade de abraçar seu desafio: contar um boa história de terror, sem medo, sem preconceitos, sem castrar o texto para torna-lo vendável. A editora Monomito, por sua parte, apostou na narrativa corajosa e competente, e entregou um livro que eu estou recomendando para todos. Compre aqui.
Os Meninos da Rua Paulo, de Ferenc Molnár. Estranho este livro estar na lista, porque minha relação com ele foi mais difícil do que deveria ter sido. Eu entendo a mensagem, eu entendo o que o autor húngaro quis fazer, mas algo me incomodou na narrativa, algo que eu sei, intimamente, ter a ver com a completa anulação do feminino na obra, como se ele não existisse. Também sei que, tratando-se de um livro considerado uma obra prima por tanta gente, é perigoso fazer qualquer tipo de crítica, até porque sou apenas uma leitora apaixonada e não tenho pretensão alguma de ser crítica literária. Mesmo com esse incômodo que ele me causou, não dá para negar que Molnár sabe o que está fazendo e criou uma obra digna de ser lida por qualquer amante de literatura. A essência da história que criou, acredito, é humana demais para que não seja compreendida por qualquer leitor que a conhecer.
Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço, de Adriana Negreiros, foi um livro pesado de ler. É tolice romantizar o cangaço, tanto quanto é tolice idealizar assassinos em série. Eu acho totalmente possível você ter curiosidade por um tema e todas as cores e sons que ele evoca no seu imaginário, mas sinto repulsa pela necessidade de transformar estupradores e assassinos em heróis do “povo”, porque Lampião não foi um herói do povo. Com o tempo, acabamos nos apropriando de histórias e criando mitos em cima delas porque o ser humano é um contador de histórias por natureza. O livro bem pesquisado e bem escrito de Adriana Negreiros nos permite conhecer a extensão da violência no cangaço e das vidas tristes que as mulheres viveram na época e na região. Compre aqui.
Terra de Sonhos e Acaso, do Felipe de Campos Ribeiro. O livro de estreia do Felipe me pegou de surpresa. Parecia mais um livro pretensioso de um cara tentando inserir um pouco de brasilidade forçada num livro de horror. Acabou sendo uma narrativa vulnerável e criativa de um escritor humilde e inteligente, que eu li com o coração gelado, mas um sorriso no rosto. Surpreendente. Compre aqui.
Em breve, um post dos contos que mais gostei de ler em 2019.
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